Notícias

Com estrutura sucateada, bombeiros de Curitiba se revoltam com novas normas de segurança


Brasil Net

Determinação do comando obriga o uso do traje de segurança completo em todas as ocorrências

Foto: Arquivo AEN
Apesar de parecer uma boa mudança à primeira vista, os bombeiros receberam a notícia com revolta

Estrutura sucateada, falta de ambulâncias, viaturas quebradas, postos com pouco efetivo. Diante desta realidade, os bombeiros do 6º Grupamento (GB) de Curitiba foram surpreendidos, no último dia 19, com uma nova determinação do comando: O texto obriga os trabalhadores a utilizarem o traje de segurança completo – com capacete, luvas, máscara, óculos, joelheiras e cotoveleiras – em todos as ocorrências atendidas.

Apesar de parecer uma boa mudança à primeira vista, os bombeiros receberam a notícia com revolta. Segundo eles, as roupas e equipamentos são pesados e devem prejudicar a agilidade no trabalho. “Nós recebemos uma notificação via e-mail do quartel, dizendo que, a partir do dia 2 de abril, temos que cumprir novas normas de segurança. Hoje, quando somos acionados, nos equipamos de acordo com a natureza da ocorrência. O que estão pedindo agora é que a gente use dispositivos extras em atendimentos onde eles não são necessários”, relatou um bombeiro, que preferiu não se identificar, em entrevista na sexta-feira (23).

De acordo com ele, em uma situação de desabamento ou em que a vítima está presa e precisa de resgate, por exemplo, os profissionais vestem capacete, óculos de proteção, luvas, joelheiras e cotoveleiras. Já em casos como atropelamentos ou acidentes menos graves, não há motivo para usar todo esse material. “Quando somos acionados para uma queda de moto, não há risco de algo cair na nossa cabeça e, por isso, não tem necessidade de colocar capacete. Todo esse equipamento limita muito a nossa mobilidade e faz com que a gente demore mais para sair do quartel”, desabafou.

Outro detalhe que deixou os trabalhadores ainda mais insatisfeitos é a obrigatoriedade de utilizar todos os itens de segurança até mesmo em situações de testes. “O equipamento é pesado, quente, vai desgastar a equipe de socorro em um plantão de 24 horas… Essa foi uma decisão compulsória, a tropa não foi consultada. Se fosse, a proposta teria sido rechaçada”, completou o bombeiro.

A determinação do comando do 6ºGB foi feita em um momento em que os bombeiros passam por condições precárias de trabalho. Outra reclamação deles é a limitação no número de viaturas. “Quando uma quebra, nós não temos peça de reposição. Os caminhões que temos para substituir os veículos são antigos e também precisam de manutenção constante. Em Pinhais, não há ambulância e Fazenda Rio Grande está sem caminhão”, denunciou.

Isso sem falar no revezamento de profissionais, devido ao pouco efetivo no Grupamento, segundo outro bombeiro ouvido pela reportagem, que também não quis se identificar. “Nós temos situações em que tem dois trabalhadores na ambulância e dois no caminhão. Ou seja, se acontecer um incêndio, os socorristas da ambulância têm que sair e ajudar na ocorrência. Como que duas pessoas vão controlar o fogo sozinhas?”, questionou.

O 6ºGB tem postos em Araucária, Fazenda Rio Grande, Pinhais, Piraquara, São José dos Pinhais, Lapa, Rio Negro e Piên. Ele atende estes municípios e regiões no entorno.

Além de todos os problemas relatados, os bombeiros se depararam recentemente com um comunicado preocupante do Hospital e Maternidade Santa Brígida, que informou que suspendeu temporariamente o atendimento aos beneficiários do convênio com o Hospital da Polícia Militar (HMP).

Com isso, os bombeiros e policiais ficaram sem amparo na ala obstetrícia. “A minha mulher está grávida e eu não vou conseguir ter o meu filho na maternidade. Quem estava fazendo acompanhamento lá agora terá que ir para o SUS [Sistema Único de Saúde]”, reclamou o bombeiro.

De acordo com o hospital, a medida foi tomada em decorrência dos atrasos constantes nos repasses financeiros do HPM à Maternidade. “Pacientes que por ventura estejam internados em tratamento permanecerão assistidos. O hospital aguarda uma pronta negociação para que o atendimento a este importante convênio seja restabelecido de forma rápida e com o mínimo de prejuízo aos seus beneficiários”, finalizou.

Sobre todas as denúncias, foi feito contato com o comando do Corpo de Bombeiros, que enviou a seguinte nota:

– Considerando a denúncia anônima dirigida a esta emissora de rádio, o Corpo de Bombeiros tem a informar que a ambulância de Pinhais encontra-se baixada por ter se envolvido em um acidente recentemente. Como procedimento padrão, as viaturas dos quartéis vizinhos cobrem a área, neste caso os Postos de Bombeiros do Bairro Alto, São José dos Pinhais e Piraquara estão prestando atendimento. Nenhuma ocorrência deixou de ser atendida.

– Quanto ao Caminhão de Combate a Incêndio de Fazenda Rio Grande, este estava baixado por problemas mecânicos, sendo enviado outro caminhão reserva para o local. Salientamos que o caminhão em questão já foi consertado e encontra-se à disposição, em plenas condições de operação. Da mesma forma, nenhuma ocorrência deixou de ser atendida.

– Procedimentos Operacionais obrigatórios, assim como testes de prontidão no início dos plantões fazem parte do serviço de todo bombeiro militar. O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) completo é fundamental e protocolar em todas as atividades do Corpo de Bombeiros. O uso de EPI, como capa, calça, bota, equipamento de proteção respiratória, capacete, dentre outros, não interferem no tempo necessário para atendimento das ocorrências. Passamos constantemente por atualizações profissionais e de equipamentos. O Comando do 6º Grupamento de Bombeiros sempre esteve preocupado com o bem-estar, integridade física e com a capacitação profissional do efetivo, refletindo da qualidade ao atendimento à vítima, minimizando assim os possíveis riscos que a atividade proporciona.

– Como meta para 2018 do Comando do 6º Grupamento de Bombeiros prevê um remanejamento do efetivo para complementar as guarnições do Posto de Bombeiros da Lapa que foi inaugurado há pouco mais de 01 (um) ano. Estamos aguardando a formação dos soldados que estão terminando o Curso de Formação de Soldados (CFSd) no Centro de Ensino e Instrução (CEI).

A reportagem também procurou a Polícia Militar sobre a suspensão do convênio com a maternidade do HPM e aguarda retorno.

FACCREI - VESTIBULAR


Fonte: *Redação Cornélio Notícias, com reportagem da Banda B
CN INSTITUCIONAL