O governo norte-americanos de Donald Trump enviou para a costa da Venezuela três navios militares, sob o argumento de que serão usados para lutar contra o tráfico de drogas em águas internacionais. O gesto acendeu um alerta entre as diplomacias do Brasil e de diversos países latino-americanos.
De acordo com fontes em Washington, os barcos devem se aproximar da região até a noite de quarta-feira. O envio dos barcos foi revelado pela agência Reuters ontem e confirmado por diplomatas ao UOL.
Ao longo dos últimos meses, o governo Trump tem insistido em classificar grupos do narcotráfico como entidades terroristas. A manobra permite que os casos de enfrentamento sejam considerados como ações de "segurança nacional" e com o uso de militares.
No Brasil, o governo Trump também insiste em pressionar as autoridades para qualificar o PCC como um grupo terrorista, gesto que é apoiado por governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Claudio Castro (PL), em São Paulo e Rio de Janeiro. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é outro que apoia a manobra.
Na fronteira com o México, o uso de tropas passou a ser constante e iniciada já desde os primeiros dias do governo Trump.
Nas últimas semanas, fontes diplomáticas confirmaram que os planos de uso de militares na América Latina vão além do monitoramento de águas internacionais por onde transitaria a droga. Se houver um local considerado como estratégico para um ataque e destruição de base, a Casa Branca iria considerar a opção como parte da "luta contra o terrorismo".
"A droga é uma ameaça à segurança nacional dos EUA", afirmou Marco Rubio, secretário de Estado norte-americano. Para ele, não se pode permitir que esses grupos "operem com impunidade em águas internacionais", disse.
Segundo a agência Reuters, além dos navios militares, não se descarta o envio de aviões e mesmo um submarino ao mar do Caribe. Neste caso, as embarcações usados serão o USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson.
Um dos temores de governos da região é a decisão de Rubio de envolver um dos cartéis como parte do governo de Nicolas Maduro. "O Cartel de Soles é uma organização criminosa que se faz passar por um governo", disse. "O regime de Nicolás Maduro não é um governo. Não é um governo legítimo", insistiu.
No início deste mês, o governo do presidente Trump dobrou a recompensa para US$ 50 milhões pela prisão de Maduro.
Na noite de segunda-feira, o venezuelano anunciou que vai ativar "um plano especial com mais de 4,5 milhões de milicianos para garantir a cobertura de todo o território nacional — milícias que estão preparadas, ativadas e armadas". Maduro ainda criticou "a renovação de ameaças extravagantes, bizarras e bizarras" dos EUA.